quinta-feira, 26 de setembro de 2013

SALMO 2 - SALMO MESSIÂNICO

Tema: A Suprema lei de Deus. Um salmo escrito para celebrar a coroação de um rei israelita; uma alusão à coroação de Cristo, o Rei Eterno.
Autor: Davi

Parte superior do formulário
1  POR que se amotinam os gentios, e os povos imaginam coisas vãs?
2  Os reis da terra se levantam e os governos consultam juntamente contra o SENHOR e contra o seu ungido, dizendo:
3  Rompamos as suas ataduras, e sacudamos de nós as suas cordas.
4  Aquele que habita nos céus se rirá; o Senhor zombará deles.
5  Então lhes falará na sua ira, e no seu furor os turbará.
6  Eu, porém, ungi o meu Rei sobre o meu santo monte de Sião.
7  Proclamarei o decreto: o SENHOR me disse: Tu és meu Filho, eu hoje te gerei.
8  Pede-me, e eu te darei os gentios por herança, e os fins da terra por tua possessão.
9  Tu os esmigalharás com uma vara de ferro; tu os despedaçarás como a um vaso de oleiro.
10 Agora, pois, ó reis, sede prudentes; deixai-vos instruir, juízes da terra.
11 Servi ao SENHOR com temor, e alegrai-vos com tremor.
12 Beijai o Filho, para que se não ire, e pereçais no caminho, quando em breve se acender a sua ira; bem-aventurados todos aqueles que nele confiam. 
Parte inferior do formulário

Este Salmo é geralmente considerado como messiânico mas foi baseado, pode-se dizer quase que com toda a certeza, numa ocasião histórica como a que nos é narrada em 2Sm 5.17(Ouvindo, pois, os filisteus que haviam ungido a Davi rei sobre Israel, todos os filisteus subiram em busca de Davi; o que ouvindo Davi, desceu à fortaleza) ou em 2Sm 10.6(Vendo, pois, os filhos de Amom que se tinham feito abomináveis para com Davi, enviaram os filhos de Amom, e alugaram dos sírios de Bete-Reobe e dos sírios de Zobá vinte mil homens de pé, e do rei de Maaca mil homens e dos homens de Tobe doze mil homens.) e seguintes. Uma situação semelhante é comemorada no Sl 83.5-8 (Porque consultaram juntos e unânimes; eles se unem contra ti: As tendas de Edom, e dos ismaelitas, de Moabe, e dos agarenos,  De Gebal, e de Amom, e de Amaleque, a Filístia, com os moradores de Tiro;  Também a Assíria se ajuntou com eles; foram ajudar aos filhos de Ló. (Selá.) mas a característica distintiva do Sl 2 está no seu discernimento da crise cósmica por detrás de um acontecimento de caráter nacional.
O poema representa o mundo inteiro organizado contra o Senhor em deliberada oposição ao Seu governo. Isto sugere uma diferença fundamental entre a perspectiva da terra e a do céu; daqui provêm o contraste entre a agitação e a futilidade dos povos em rebelião e a equanimidade e imutabilidade dos propósitos de Deus.

A conferência mundial (1-3)

A questão apresentada no vers. 1 é retórica e não analítica, por que qualquer revolta contra Deus é considerada sem fundamento. O furor das nações não é a fúria da ira concertada, mas o tumulto que resulta da disputa ruidosa entre gentes que imaginam coisas vãs, isto é, que se rebelam e fazem projetos vãos e ineficazes. Historicamente, o objeto do ataque dos ímpios era o ungido do Senhor, Davi (1Sm 24.6 “E disse aos seus homens: O SENHOR me guarde de que eu faça tal coisa ao meu senhor, ao ungido do SENHOR, estendendo eu a minha mão contra ele; pois é o ungido do SENHOR.” ); essencialmente, era o próprio Deus; profeticamente, era o Messias (At 4.25-27 “Que disseste pela boca de Davi, teu servo: Por que bramaram os gentios, e os povos pensaram coisas vãs? Levantaram-se os reis da terra, E os príncipes se ajuntaram à uma, Contra o Senhor e contra o seu Ungido.
Porque verdadeiramente contra o teu santo Filho Jesus, que tu ungiste, se ajuntaram, não só Herodes, mas Pôncio Pilatos, com os gentios e os povos de Israel;”
  ).

A confiança celestial (4-6)

Só é possível avaliar verdadeiramente a situação discernindo a mente de Deus, que Se senta entronizado no Céu e contempla todo o tumulto da insurreição com a suprema confiança no ilimitado poder da verdade (2 Co13.8 “Porque nada podemos contra a verdade, senão pela verdade.” ). Então (5) tem uma força peculiar. Significa o fim do tempo da aparente liberdade do homem e o estabelecimento, na terra, do propósito divino. Tão certo está este clímax determinado que Deus pode permitir-se conceder séculos às nações rebeldes de modo que todos os planos delas possam amadurecer, todas as objeções possam ser utilizadas e toda a resistência possa ser tentada (Ez 33.11 “Dize-lhes: Vivo eu, diz o Senhor DEUS, que não tenho prazer na morte do ímpio, mas em que o ímpio se converta do seu caminho, e viva. Convertei-vos, convertei-vos dos vossos maus caminhos; pois, por que razão morrereis, ó casa de Israel?”). Então, na plenitude dos tempos, Ele intervém com ira (lit. "soprando com força pelas narinas") e no Seu furor (lit. "com ardente ira") e enuncia a Sua palavra enfática (Rm 1.18 “ Porque do céu se manifesta a ira de Deus sobre toda a impiedade e injustiça dos homens, que detêm a verdade em injustiça.”; 2Ts 2.8-13). Eu porém ungi o meu Rei sobre o meu santo monte (6; Hb1.2-3 “A quem constituiu herdeiro de tudo, por quem fez também o mundo. O qual, sendo o resplendor da sua glória, e a expressa imagem da sua pessoa, e sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, havendo feito por si mesmo a purificação dos nossos pecados, assentou-se à destra da majestade nas alturas;” ). O argumento de Davi, contra os que se lhe opunham, era que Deus o tinha indigitado para o trono, pelo que qualquer resistência que lhe fosse feita significava disputar com Deus (Sl 4.3).

A sua autoridade real (7-9)

Imagina-se que as nações rebeldes, reunidas em revolta tumultuosa sobre a terra, foram momentaneamente apaziguadas pela declaração divina que ecoa desde o Céu. No silêncio que se supõe seguir-se, o próprio Davi dirige-se aos reis e aos povos congregados. Em primeiro lugar, ele defende o seu reinado, como sendo autorizado pelo Senhor, com fundamento no parentesco (7), doação (8), e vocação, isto é, o poder de vencer (9). A frase Tu és meu Filho (7) encontra um paralelismo no Sl 89.26-27 (Ele me chamará, dizendo: Tu és meu pai, meu Deus, e a rocha da minha salvação.  Também o farei meu primogênito mais elevado do que os reis da terra.) e as palavras Eu hoje te gerei podem entender-se, historicamente, como fazendo referência ao dia da entronização de Davi. Foram porém verdadeira e completamente cumpridas em Jesus Cristo, como o Novo Testamento ensina. At 13.33 “Como também está escrito no salmo segundo: Meu filho és tu, hoje te gerei.”; Rm 1.4( “Declarado Filho de Deus em poder, segundo o Espírito de santificação, pela ressurreição dos mortos, Jesus Cristo, nosso Senhor,”)  declaram que Ele foi aclamado "Filho" pelo próprio fato da ressurreição. Hb 1.5 “Porque, a qual dos anjos disse jamais: Tu és meu Filho, Hoje te gerei? E outra vez: Eu lhe serei por Pai, E ele me será por Filho?”  e Hb 5.5 “Assim também Cristo não se glorificou a si mesmo, para se fazer sumo sacerdote, mas aquele que lhe disse: Tu és meu Filho, Hoje te gerei”; citam a frase, associando-a com a encarnação e o sacerdócio de Cristo. Alguns manuscritos, incluindo o Códice de Beza*, usam-na em relação com o batismo de Jesus (Lc 3.22 “E o Espírito Santo desceu sobre ele em forma corpórea, como pomba; e ouviu-se uma voz do céu, que dizia: Tu és o meu Filho amado, em ti me comprazo.”). Semelhantemente, a dádiva prometida das nações e dos domínios deste mundo veio a ser uma expectativa messiânica e desde há muito que se entende como dizendo respeito a Cristo. Ap 2.27(E com vara de ferro as regerá; e serão quebradas como vasos de oleiro; como também recebi de meu Pai.)  cita o vers. 9 em ligação com "o fim", isto é, a vinda de Cristo em poder e glória (Ap 19.15 “E da sua boca saía uma aguda espada, para ferir com ela as nações; e ele as regerá com vara de ferro; e ele mesmo é o que pisa o lagar do vinho do furor e da ira do Deus Todo-Poderoso.”).

A ação razoável (10-12)

Na segunda parte do discurso de Davi, ele retrocede para a realidade da situação descrita nos vers. 1-3. Aquele perigo ainda não passou; a crise ainda não está resolvida; a elasticidade do divino Então (5) ainda não deu de si; os eventos futuros podem ainda ser moldados pelos homens. Esta é a razão do apelo feito aos reis e juízes da terra. Sede prudentes... Servi ao Senhor... beijai (isto é, prestai homenagem) ao Filho, porque, de outro modo, não poderá haver escape do desastre. 

Devemos render-nos e submeter-nos completamente ao Filho de Deus. Jesus não é somente o Salvador escolhido pelo Eterno, é também o legítimo Rei do nosso coração e da nossa vida. Para estar prontos para a sua vinda, precisamos submeter-nos à sua liderança todos os dias.


  

Fonte:
Bíblia de Estudo e Aplicação Pessoal
Bíblia comentada - F. Davidson
Wikipédia

Códice de Beza*: Ou Codex Bezae, também conhecido como Manuscrito 'D', pertence, provavelmente, ao século VI. Recebeu este nome por ter sido descoberto pelo teólogo francês Theodore Beza. É um manuscrito bilíngue: grego à esquerda e latim à direita, com pouca relação entre os conteúdos grafados em grego e em latim. A versão latina é ocidental e sofreu influências siríacas. Possui somente os quatro evangelhos e o livro de Atos dos Apóstolos. Notam-se várias lacunas textuais, principalmente no evangelho de Lucas; além de algumas adições, no livro de Atos. Atualmente encontra-se na Biblioteca de Cambridge.


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