terça-feira, 10 de setembro de 2013

FILADÉLFIA - UMA DAS CIDADES DA DECÁPOLIS



DECÁPOLIS

No grego, «dez cidades». No Novo Testamento, o termo denota uma área geográfica onde havia dez cidades próximas umas das outras, e unidas por certos costumes e por uma certa população. Quase todos os seus habitantes eram gentios, com instituições e privilégios cívicos comuns. O sentido original pode ter sido político, dando a entender uma liga de dez cidades, que se formou durante o período entre a dominação de Herodes sobre a área e a estabilização da fronteira leste romana, nos primeiros dias do domínio imperial na região. A área envolvida ficava a leste do Jordão, incluindo uma parte da Galiléia. A região incorporava a maior parte do lado oriental do mar da Galiléia, em sua extremidade norte. Uma porção da mesma, não muito longe, abaixo do lago, estendia-se até à margem ocidental do rio Jordão, onde ficava situada a cidade de Citópolis, que fazia parte de Decápolis. Porém, a porção maior ficava a leste do rio Jordão. Para o extremo sul ficava a cidade de Filadélfia, que ficava quase tanto ao norte quanto Jericó. Jericó ficava localizada quase na extremidade norte do mar Morto, e Filadélfia ficava mais para o oriente.

AS DEZ CIDADES

Essas eram Hipos (na margem oriental do mar da Galiléia), Damasco (um pouco mais ao norte), Rafana, Canata (no extremo leste), Diom, Gadara, Citópolis (no extremo oeste), Pela, Gerasa e Filadélfia (no extremo sul). Do extremo norte ao extremo sul, a área cobria cerca de 190 km. De Dã a Berseba, os tradicionais pontos extremo norte-sul da antiga Israel, a distância era de cerca de 240 km. Portanto, Decápolis tinha quase as mesmas dimensões de Israel, a diferença sendo, essencialmente o comprimento do mar Morto.
Decápolis surgiu como um subfenômeno da dispersão do período helenizante. Houve grande imigração de gregos após as conquistas de Alexandre, o Grande. Isso significa que aquelas cidades foram construídas pelos gregos e reconstruídas pelos romanos. Duas dessas cidades, Diom e Pela, tem nomes tipicamente macedônios, sendo provável que  tivessem sido erigidas por oficiais associados a  Alexandre. Filadélfia ocupava o local de Rabate-Amam, do Antigo Testamento, a mesma Amam que é capital da Jordânia moderna. Era quase tão antiga quanto aquelas outras duas cidades. Gadara também era um antigo povoado grego, e essas duas cidades eram fortalezas, pelos fins do século lII A.C. Gerasa tem sido amplamente confirmada, quanto aos informes bíblicos a seu respeito, pelas descobertas arqueológicas. Porém, juntamente com Hipos, não parece ter tido posição especial senão já no período da dominação romana. Damasco é uma das mais antigas cidades do mundo.

A área, desde há muito, vinha sendo controlada pelo governador da província romana da Síria, com as adaptações apropriadas ao governo romano de áreas externas ou de fronteiras. Roma protegia aquela região e paralelamente ela servia de área desértica de fronteira, servindo de proteção contra inimigos além dos limites do império, onde as grandes rotas de caravanas e estradas comerciais faziam uma curva em tomo da curva interna do chamado Crescente Fértil. Cada uma dessas dez cidades servia de uma espécie de cidade-estado, pelo que as Arcas ao redor eram governadas e controladas por elas, conferindo ao império romano autoridade sobre quase a totalidade do território de Israel. Essas cidades, com sua grande maioria populacional gentílica, eram cosmopolitas em sua natureza. Gadara produziu Filodemo, o filósofo epicúreo do século I A.C. Meleager, o epigramatista, nasceu ali, como também Menipo, o satirista, e Teodoro, o retórico, que foi tutor de Tibério. Gerasa tornou-se conhecida como cidade nativa de vários mestres da antiguidade bem conhecidos. A arqueologia tem demonstrado a natureza não-judaica da área, com seus templos, anfiteatros, artes, jogos atléticos e literatura. A presença desse tipo de cultura, naturalmente, influenciou e modificou a vida na Galiléia. Olhando na direção do mar da Galiléia, os agricultores judeus podiam ter uma boa visão do que era o mundo gentílico e romano. A história do filho pródigo, narrada por Jesus, ilustra como um jovem, impressionado pelo mundo grandioso ao seu derredor, e enfadado pela vida monótona dos agricultores, viajou até um país distante, a fim de buscar fortuna e gastar, divertidamente, o seu dinheiro.

Jesus exerce forte impacto sobre Decápolis. No começo de seu ministério ( “E seguia-o uma grande multidão da Galiléia, de Decápolis, de Jerusalém, da Judéia, e de além do Jordão” Mt 4.25), ele era seguido por grandes multidões. Jesus entrou na área de Gerasa (“E, saindo ele do barco, lhe saiu logo ao seu encontro, dos sepulcros, um homem com espírito imundo;” Mc 5.2). Orígenes chama essa cidade de Gergesa. Ali encontramos a história dos porcos que morreram afogados. Os judeus geralmente não criavam esses animais. Quando os demônios entraram neles, a vara de porcos perdeu-se inteiramente, resultando isso no fato de que os habitantes locais rogaram a Jesus que abandonasse a região. Posteriormente, Jesus tomou a visitar a região, e fez um desvio incomum através da região de Hipos, a caminho de Sidom, até às praias orientais da Galiléia (“E ele, tornando a sair dos termos de Tiro e de Sidom, foi até ao mar da Galiléia, pelos confins de Decápolis.” Mc 7.31). E quando os exércitos romanos avançaram, por ocasião da primeira rebelião dos judeus, e assediaram a cidade de Jerusalém, o que resultou em sua quase completa destruição (66-70 D.C.), os cristãos retiraram-se para Pela. Dessa maneira, a comunidade cristã judaica, como um todo, foi poupada da ira dos romanos, nessa ocasião, somente tendo que enfrentá-la um pouco mais tarde. Há algo de apropriado quanto ao fato de que a Decápolis greco-romana ficava contígua e cercava Israel, e que o Salvador dos homens ministrou tanto em Israel quanto em Decápolis. Finalmente, o apóstolo Paulo foi capaz de dizer que, em Cristo, não há tal coisa como homem e mulher, livre ou escravo, judeu ou gentio-pois todos somos um, em Cristo (“Nisto não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo Jesus.” Gl 3.28).




Fontes: 
Bíblia Sagrada
Enc. de Bíblia Teologia e Filosofia - Champlin
Geografia e Arqueologia Bíblica - José Sanches V. Neto

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